AS CORES DO SOM: O POTENCIAL MUSICAL DO SURDO
Igor Ortega Rodrigues
Pode parecer um contrassenso falar em surdez e sons, mas o mundo sonoro é fascinante e é capaz de produzir efeitos, dos quais nem imaginamos, Através da música é possível a autoexpressão, a percepção de sensações, vibrações, intensidades sonoras, percepção tátil, enfim, é possível nos conectarmos com ela de várias formas, de vivenciarmos novas percepções. Sendo assim, o livro busca explicar e estreitar a relação da música com as cores, oferecendo um universo de percepções para a pessoa surda. Ele traz informações sobre aspectos básicos a respeito da surdez, como as cores podem ser relacionadas com música, dinâmicas sobre o uso das cores nas experiências musicais da pessoa surda e o uso das cores desde uma intervenção de musicoterapia para surdos. Pela leitura é possível perceber o convite de estender os limites da audição e da visualidade para estar em um espaço/tempo de interfaces entre a música e as artes visuais e sensoriais. Desta interface, num ambiente transdisciplinar, o autor concretizou o software CromoTMusic que abre um leque de possibilidades para a complexidade da surdez nas suas dimensões sociocultural e comunicativa que alcança a afetividade singular da musicalidade que brota do silêncio. Não importa que pessoas sejam diferentes, nem que não possam ouvir música como a maioria ouve, mas sim que possam ouvir com os ouvidos da alma, escutar sua “fala interna” sobre a qual fala Vygotsky.
MUSICOTERAPIA E PROMOÇÃO DA SAÚDE
Mariane Oselame, Ruth M. Barbosa e Marly Chagas
A vinculação existente entre saúde e desenvolvimento local vem sendo construída desde o final do século XX. Um dos marcos foi a Conferência de Alma-Ata, em 1978, que, além de propor uma ampliação no acesso aos serviços de atenção, reconheceu a saúde como um direito de todos e responsabilidade da sociedade. A promoção de saúde apresenta-se como um mecanismo de fortalecimento e implantação de uma política transversal, integrada e intersetorial. Um campo que desloca o olhar e a escuta dos profissionais de saúde sobre a doença para os sujeitos em sua potência de criação da própria vida, objetivando a autonomia durante o processo de cuidado à saúde, um protagonista atuante. O musicoterapeuta é atravessado pela realidade, habilitado a lidar com os códigos não-verbais, com o musical do povo e é desafiado pela realidade que envolve a sociedade contemporânea. A sociedade vem sendo atravessada por um sistema capaz de capturar o desejo de milhões de pessoas, mobilizando-as atendendo às demandas de segurança, felicidade e prazer a qualquer preço. Através do consumo de formas de vida observa-se que um novo modo de relação entre o capital e a subjetividade está sendo instalado. A arte apresenta-se como meio de expressão de realidades. A música, uma das formas de ser da arte é por vezes, utilizada como linha de fuga ao que está dado, ao que se espera que seja. Ponderando o espaço da musicoterapia dentro de uma perspectiva social contemporânea, problematiza-se: como a musicoterapia pode atuar como dispositivo de Promoção de Saúde? Este estudo teve por finalidade aproximar as práticas da Musicoterapia às de Promoção da Saúde. O objetivo foi investigar como a Musicoterapia pode atuar enquanto dispositivo de Promoção da Saúde. Trata-se de uma pesquisa documental articulando os três eixos centrais do tema: Musicoterapia, Promoção da Saúde e Empoderamento. A metodologia consistiu na revisão de periódicos e anais de eventos sobre as práticas da Musicoterapia. O entendimento de processos de produção de subjetividade e governabilidade não garante que a Promoção da Saúde, e nela a estratégia de empoderamento social, seja necessariamente uma solução para as questões sobre a exclusão social e sobre a responsabilidade dos indivíduos com a saúde. Contudo a partir da construção realizada nessa pesquisa, pode-se observar que a Promoção da Saúde, através de um trabalho comprometido e ético acerca do Emporamento, pode sim ser um importante dispositivo de resistência. Os trabalhos apresentados nessa pesquisa demonstraram que a prática musicoterápica ressoa ações cheias de criatividade, autonomia e principalmente de Empoderamento (psicológico e social). Ações que promoveram a oportunidade dos atores se deslocarem do lugar de coadjuvante para o de protagonistas.
MEMÓRIAS AUTOBIOGRÁFICAS E MÚSICA EM IDOSOS
José Davison da Silva Júnior
O livro Memórias autobiográficas e música em idosos, de José Davison da Silva Júnior, vem acrescentar um novo e interessante enfoque aos estudos apresentados pela Coleção Velhice e Sociedade, dedica-se à investigação do papel desempenhado pelas canções populares "de antigamente" apontadas por idosos como suas preferidas na evocação de memórias autobiográficas, processo que, além de estimular mecanismos mnemônicos, tem mostrado resultados na intervenção no envelhecimento normal e em demências, incapacidade física, distúrbios de humor, solidão e isolamento social na velhice.